Primeiro a ânsia, a curiosidade,
a espera.
A espera dos dias.
As horas de espera.
A sala de espera.
Como se pode ter saudades de quem não se conheceu?
Tic-tac-tic-tac-tic-tac
No silêncio enternetecido o eco de um som,
rápido e repetido.
Coração de pássaro,
pulsar da Terra.
Tic-tieu-tic-tieu-tic-teu
Todo o tempo liquefeito,
os segundos transmudados
por aquele diapasão:
Tieu-tieu-tieu-tieu-tieu-tieu
E naquele ritmo fugaz , escondido espreita
o próprio sentido da eternidade.
P.S. - Este poema é obviamente uma derivação do anterior "À espera". Foi escrito a pensar numa amiga, que está de esperanças, a propósito da sua primeira ecografia. A base de que parti foi a minha própria experiência de estar grávido, e em particular o som que aqui se pode ouvir. Este som ficou para sempre marcado em mim, de tal forma que basta invocá-lo à memória para imediatamente o ouvir. O primeiro som de um filho. Obviamente, como se pode ouvir no vídeo, a primeira frase deste texto foi composta naquele dia: coração de passarinho.
Normalmente gosto de de simplificar os meus textos: o normal será que perca progressivamente expressões, que apure conceitos, que lime arestas que depure.
Mas neste caso não estava inteiramente satisfeito. Curiosamente, quanto mais alterava o texto mais tinha pena de perder o anterior. Por isso ficam os dois.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
Á espera.
No silêncio enternetecido o eco de um som,
rápido e repetido.
Coração de pássaro.
Quem disse que a eternidade
se media em tic-tac?
rápido e repetido.
Coração de pássaro.
Quem disse que a eternidade
se media em tic-tac?
Subscrever:
Mensagens (Atom)